segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Violência virtual

Mês passado foi lançado o livro "Cyberbullying e outros riscos na internet: despertando a atenção de pais e educadores" da psicóloga Ana Maria Albuquerque Lima. O livro chama a atenção, principalmente dos pais, para um assunto que traz sérios riscos sociais e psicológicos para as crianças: a violência simbólica praticada na internet.

A inserção da tecnologia na vida dos seres humanos mudou o padrão de vida das pessoas. Seus avanços interferiu em todas as etapas da vida humana e modificou nossos padrões sociais. Desde muito cedo somos expostos a um mundo eletrônico e impelidos a interagir com ele, mas aprender a lidar com esses meios quando ainda não temos maturidade para distinguir o certo do errado, é uma tarefa muito difícil. Por isso, a supervisão das crianças, quando estiverem usando meios como a internet, é fundamental para que elas não sejam nem agressoras, nem vítimas de violência online.

O cyberbullying é uma prática que pode ser claramente perceptível em várias comunidades do orkut ou em blogs, mas pode ser praticados também por e-mail, torpedos, entre outros. Ele é caracterizado pela hostilização de uma pessoa por meio de tecnologias da informação e é diferente do bullying
por ser praticado essencialmente de forma virtual, o que dificulta na punição dos agressores.

O desenvolvimento e o apropriamento dos recursos tecnológicos da informação - especialmente da internet e dos telefones móveis - aliados ao despreparo ético dos usuários, que não utilizam estes recursos de forma responsável, e somados com a possibilidade do anonimato e com a certeza da impunidade, converteu a ciberviolência em um problema social.


Segundo Ana Maria o cyberbullying é um termo amplo e pode ser dividido em oito modalidades: Provocação incendiária, assédio, difamação, roubo de identidade, violação da intimidade, exclusão, ameaça cibernética e o Happy Slapping, interface mais  nítida entre o bullying presencial e o virtual. Este tipo de violência é gerado pela divulgação de vídeos mostrando cenas de agressão física, onde uma vítima pode ser escolhida, de forma intencional ou não, para ser agredida na rua. A violência praticada geralmente é gravada com câmeras de celular ou filmadoras e posteriormente o vídeo é postado em sites como o You Tube, visando humilhar ainda mais a pessoa agredida.


As tradicionais brincadeiras foram quase abandonadas, hoje as crianças preferem se divertir virtualmente. Mas é sempre bom ter cuidado, para que a diversão não transforme-se em traumas. A infância é um período que exige atenção redobrada, principalmente por que durante este tempo vivemos em um mundo de fantasias e não estamos capacitados para tomar decisões importantes, ao usar as tecnologias digitais.

Ana Maria afirma que até os 10 anos de idade é fundamental que os pais usem recursos para selecionar os ambientes virtuais que a criança pode usar e principalmente navegar em conjunto, como por exemplo, o parental control. Depois, aos 13 anos, se o pré-adolescente mostrar um comportamento responsável, os pais podem deixá-lo navegar sozinho e dar mais liberdades, porém sempre monitorando o uso e deixando o computador disponível em um lugar comum da casa, como a sala.

Fazer este controle é mais difícil quando o acesso a internet não é feito em casa. Nas chamadas lan houses, várias crianças fazem a utilização de computadores sem nenhuma fiscalização. Visando evitar a exposição prolongada de crianças e adolescentes a jogos eletrônicos e ao uso inadequado da internet, o Ministério Público Baiano expediu uma recomendação para as lan houses dos municípios de Barra da Estiva, Mucugê e Ibicoara. Nestas regiões o acesso de crianças menores de dez anos as lan houses só será permitido na presença dos pais ou responsáveis legais, os pais deverão acompanhar a criança durante todo o tempo de permanência no estabelecimento. Para os maiores de dez anos a permanência só deverá ser permitida mediante a apresentação de autorização por escrito dos pais.


Os pais devem estar atentos a alguns sinais de seus filhos para identificar se eles são vítimas do cyberbullying, tais como: ansiedade após o uso da internet; aparentando certa pertubação; diminuição do tamanho da tela sempre que um adulto passa por perto; o cuidado em apagar o histórico dos sites navegados; isolamento em relação à família e aos amigos e baixa auto-estima.


A ciberviolência causa o adoecimento emocional das pessoas e pode trazer prejuízos incalculáveis quando a vítima ainda está na infância. Cabe aos pais auxiliar no estabelecimento de regras e manter um diálogo sobre o que a criança deve fazer na rede, para que seus filhos possam aprender a utilizar as mídias sociais com responsabilidade.


Um caso de bullying que ficou mundialmente conhecido devido ao uso da internet foi o do garoto australiano Casey Heynes, apelidado de Zangief Kid (devido a comparações com Zangief, um personagem do game de luta: "Street Fighter"), abaixo segue a reportagem que o Jornal Hoje apresentou no dia 22 de março:



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Por Ana Paula Lima

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